domingo, abril 06, 2008

Reprodução


Luis Carlos Magalhães relata o dia em que
Wilma Nascimento passou o pavilhão da Portela para a filha



Luis Carlos Magalhães(Especial para o Dia na Folia)


As feijoadas da Portela não param de emocionar os sambistas. Parece até que estava tudo combinado: Dorina, Luíza Dionisio, Nilze Carvalho e Ana Portal subiram no palco e homenagearam Clara Nunes. Provavelmente, sem nunca terem ensaiado. No entanto, dificilmente, por mais que ensaiem, repetirão aquele momento.


Depois de Clara, outro mito portelense subiu ao palco. Era Wilma, trazendo com ela sua filha Danielle, de mão esquerda dada com Fabrício (foto acima). Com a mão direita, empunhava a bandeira da Portela, mas não era uma bandeira como as outras.

Era a bandeira do último desfile de sua mãe. A última vez que se viu um Cisne na Passarela. Wilma recebeu flores do presidente da escola, Nilo Figueiredo, e foi reverenciada por Selminha Sorriso, Geovanna da Mangueira e Kátia, a segunda porta-bandeira da Portela.
Selminha estava muito emocionada. Wilma então se dirigiu ao público que a ovacionava. Agradeceu e lembrou um dia no passado, quando depois de uma ausência, retornava à Portela com sua pequenina filha Danielle. Naquele dia recebeu flores também.

Emocionada, Wilma não podia dizer muito mais. Disse que estava feliz por Danielle e por ver realizado o grande desejo de Mazinho, seu marido, e pai de Danielle.
Já deixando a cena, quem estava por perto pôde perceber. Quem estava ali não era a grande

Wilma da Portela, o mito, a lenda, o Cisne. Quem estava ali era outra Wilma; a Wilma mãe, mãe de Danielle. E passou por ali dizendo que ninguém poderia cobrar de Danielle como se estivesse cobrando dela.

A Wilma da Passarela já não existe. Agora é Danielle. É ela que vai escrever a história dela.
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Nota: Danielle Nascimento é filha de Wilma Nascimento, que deixou a Portela para fundar a dissidente Tradição, que entre tropeços e acertos, vive aos trancos e barrancos no mundo do samba carioca. A volta de Wilma e a ascensão de sua filha ao posto de porta-bandeira é um fato histórico dentro do universo do carnaval.

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