domingo, julho 05, 2009

Enredo do meu samba...


Estação Primeira de Mangueira - 1988 - Época que os desfiles amanheciam...

O clima de saudosismo tomou conta do sorteio da ordem dos desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro 2010. Pra fechar as noites de domingo e segunda foram escaladas Beija-Flor e Mangueira respectivamente.

A intenção parece ser resgatar os tempos que não voltam mais -- O carnaval carioca passa por uma fase muito engraçada, desde o desfile dos Acadêmicos do Salgueiro de 1993 -- "Explode Coração" -- Peguei um Ita no Norte -- que os comentários e de certa a forma as agremiações esperam ser ovacionadas como os salgueirenses foram naquele carnaval.

Mas depois daquele ano, a Imperatriz Leopoldinense foi "campeoníssima" sem fazer levantar sequer a sombrancelha do público da arquibancada, a escola criou o estilo técnico de desfile e passou a buscar os itens avaliados pelos jurados e nem se preocupar com o "Já Ganhou" ou "É Campeã."

A safra de enredos 2010 está bem sortida e a cada novo ano vem aquela sensação de esse ano carnaval vai ser melhor que aquele que passou -- Esperança Sempre.

Quem está de volta ao lar é Paulo Barros que após tentar carreira na Viradouro não causou o arrepio esperado, fez uma passagem pela Vila Isabel e retornou ao morro do Borel fazendo Segredo -- que é seu novo enredo -- a coisa está tão secreta que a sinopse te leva do nada ao lugar algum -- totalmente subjetivo. Os recortes do tema serão revelados inicialmente apenas aos compositores.

Ah! A ordem de desfiles de 2010 ficou assim:

Domingo
1 - Ilha - Espanha
2 - Imperatriz - Religião
3 - Tijuca - Segredo
4 - Viradouro - Talvez México!!!
5 - Salgueiro - História do livro
6 - Beija-Flor - 50 Anos de Brasília

Segunda
1 - Mocidade - Os vários paraísos
2 - Porto da Pedra - Moda
3 - Portela - Tecnologia
4 - Grande Rio - 25 anos do sambódromo misturado com Camarote da Brahma
5 - Vila Isabel - Noel Rosa
6 - Mangueira - Música Popular Brasileira

O de Lá e o de Cá...

Conversando [In Off] com um amigo pelo orkut, ele comentou que o Festival Folclórico de Parintins parecia muito com a Sapucaí. Na verdade o que aconteceu entre o bumbódromo e o sambódromo foi uma fusão natural -- De um lado a Sapucaí precisava de uma revolução estética [slogan repetitivo, mas alimentando a cada carnaval] -- De outro artistas desconhecidos, mas que tinham aprendido a fazer do seu arroz com feijão -- um prato sensacional.

Os artistas de Parintins tomaram conta do carnaval brasileiro é um fato consumado. Eles se espalharam pelas escolas de samba e se multiplicaram, oferecendo aos carnavalescos o seu grande diferencial -- as esculturas articuladas que executam vários movimentos -- sem contar o custo da mecanização que é bem mais barato que em Hollywood -- o trabalho é feito por cabeamento e a tração é humana.

Até então existiam carros alegóricos grandiosos, esculturas muito bem esculpidas, mas imóveis -- agora as escolas de samba do Rio e de São Paulo tem a seu dispor um recurso que se bem aplicado é bem interessante de se ver.

DESCE - Um exemplo de uso de gosto duvidoso foi no carnaval 2009 da Mocidade Independente de Padre Miguel. Eu esperava ver um outro tipo de trabalho na homenagem ao centenário de morte de Machado de Assis e de nascimento de Guimarães Rosa. O abre-alas era muito feio, embora fosse todo adornado por Km de neon. Sem contar a escultura de uma outra alegoria que parecia com o Urupeara [ente protetor dos índios]do Boi Caprichoso 2008.

SOBE - Por outro lado, o artista Zilckson Reis [Boi Garantido] tem realizado um excelente trabalho em São Paulo. Na verdade ele mesclou o de lá com o de cá. Prova disso, que durante sua passagem pela Mocidade Alegre ele desenvolveu enredos esteticamente diferentes e não transformou a escola numa reprodução do boi vermelho. No carnaval deste ano ele comandou o desfile dos Gaviões da Fiel, que abusaram da tecnologia importada pra contar a história da roda.

Só pra fechar o tema. Em 1998, os Acadêmicos do Salgueiro homenagearam os bumbás de Parintins e mesclaram muito bem os estilos -- o que era Parintins teve o ar parintinense e as referências aos outros bois o toque carioca-salgueirense.


Acadêmicos do Salgueiro - 1998

PIONEIRA - A Beija-Flor se renovou com o apoio dos artistas de Parintins e o clima místico e sombrio povoou o imaginário de vários de seus carnavais nos últimos tempos. Monstros, seres medonhos, braços articulados, dramatização e teatralização em quase tudo. Esse ano a escola resolveu dar uma mudada, mas a coisa ficou tão misturada e confusa que prejudicou o conjunto -- a história do banho não conseguiu dar a leveza que a agremiação esperava.

PARINTINS 2009 - Voltando a questão inicial levantada pelo meu amigo. O Boi Caprichoso usou esculturas vivas em duas noites -- Na primeira pra fazer o revestimento da oca do Pajé Apurinã e na segunda o encontro das águas, isso deu o que falar. O boi azul incorporou ao seu visual impecável -- a última novidade do carnaval carioca criada pelo carnavalesco Paulo Barros. O que funcionou no Rio, em Parintins parece que não foi visto com bons olhos -- o festival tem um ar folclórico e mesmo que o folclore seja uma manifestação que se atualiza e está em movimento constante algumas regras invisiveis não podem ser quebradas até porquê, tem a coisa da tradição, da estética e das características de uma ou outra manifestação.


Unidos da Tijuca - Carnaval 2008 - Pavão - Efeito de leque muito semelhante ao utilizado pelo Boi Caprichoso em 2009

É uma discussão confusa e interessante... Risos

TV Aberta...


Tudo Novo de Novo - Abertura - Rede Globo-2009

Na última sexta-feira acabou a temporada de Tudo Novo de Novo -- A leveza na abordagem de alguns temas foi sensacional -- Dilemas com um ar de classe média, mas que estão presentes na vida de qualquer um -- Muita ferida cutucada, coisas que pareciam que não iam se resolver em tão pouco tempo, mas como na vida, tudo acaba dando certo no fim. Teve humor, teve choro e muita reflexão proposta a cada episódio... Foi muito bom acompanhar a produção, que contou com um elenco de estrelas de primeira grandeza, principalmente nos papeis coadjuvantes.