domingo, junho 28, 2009

Enredo do meu samba...

A sinopse 2010 da minha querida Mocidade Independente de Padre Miguel...


Enredo: "Do paraíso de Deus ao paraíso da loucura, cada um sabe o que procura".

O Paraíso é a imagem primeira.

Uma imagem da fartura e da felicidade; um sagrado jardim onde Deus semeou a fecundidade numa divina evocação da vida; um abençoado recanto sem doenças, sem inverno e sem envelhecimento, transmitindo uma mensagem simbólica e alegórica de paz e harmonia.

A nostalgia deste estado de graça, arrancado em conseqüência de uma grave desobediência às leis do Criador, faz despertar no homem, desde tempos imemoriais, o desejo de encontrar o Paraíso perdido.

Na Idade Média, alimentada por uma cruel realidade de fomes, epidemias e guerras devastadoras, essa nostalgia fez do Paraíso a própria antítese daquela realidade decadente e sombria; um "novo" começo onde a pobreza e a fome acabariam diante de uma terra "sem males".

Enquanto profetas e visionários desejavam "ver" o paraíso, cavaleiros e aventureiros se juntavam em fantásticas caravanas e partiam por terra em busca da "Fonte da Juventude Eterna e da Árvore da Vida".

Porém, novos ventos sopravam em direção ao "Velho Continente". O pavor que o "inferno" e a crença na proximidade do "Fim dos tempos" provocavam ia ficando para trás diante de uma Europa entusiasmada com os renovados horizontes renascentistas.

Os oceanos já não causavam tanto temor e, navegando rumo ao Oriente, poder-se-ia chegar às Índias, com seus mistérios e magia. Ainda, quem sabe, desembarcar nas fabulosas terras de Ofir, guardiãs das Minas do Rei Salomão, ou até mesmo encontrar o suntuoso Reino Africano de Preste João e, assim, localizar os "Portais do Paraíso".

Foi navegando em direção às Índias que, em 1500, treze naus portuguesas "esbarraram" no Brasil.

Nas areias da praia, o nativo dançava em alegre ritual. Guiados pelos Xamãs, os donos da terra migraram do interior para o litoral em busca de "Yvy Mara Ey", a "Terra dos Sem Males", o paraíso Tupi-guarani, e que, na visão dos pajés, estaria do outro lado da imensidão das águas.

Em sua pureza e ingenuidade, o índio viu naquela gente que saía do mar verdadeiros Deuses que, finalmente, o conduziriam aos "Jardins Purificados".

Já os navegadores, deslumbrados com a nudez e a aparente inocência dos nativos, viram neles a própria imagem do homem antes de ser expulso do Paraíso, materializando na América a visão renascentista do Éden terrestre.

Afinal, as sugestões edênicas estavam por toda parte e faziam uma mágica ligação entre o "Velho" e o "Novo" Mundo. Dessa maneira, o maracujá se transforma em pomo edênico, assim como as bananas cortadas exibiam aquele sinal à maneira de crucifixo por elas manifesto.

A Fênix é o Guainumbi ou Guaraciaba; outros acreditavam mesmo tê-la visto na figura do beija-flor, enquanto os papagaios, para muitos, eram, na verdade, anjos castigados que ganharam a forma de pássaros.

Mas os boatos sobre cidades bordadas de ouro e pedras preciosas, as notícias de montanhas resplandecentes e lagoas douradas, comuns entre os indígenas, rapidamente levaram o invasor europeu a embrenhar-se pelos sertões desconhecidos, maculando o "Paraíso Brasil".

E, assim, os índios dançaram e o Brasil sambou!

O que de bom encontrava-se aqui foi parar na Europa. Animais, plantas e até mesmo "exemplares" do nosso "bom selvagem" foram "exportados", causando enorme rebuliço do outro lado do Atlântico.

Enquanto, do lado de cá, o povo sofria com a "Derrama" - um verdadeiro "Quinto" dos infernos - no lado de lá, as farras das Cortes de Portugal e Inglaterra eram bancadas com o ouro do Brasil. O jeito era rezar uma novena para o "santo do pau oco"!

O tempo passou, mas continuamos cortando o pau, matando os bichos, vendendo as plantas, envenenando as águas, queimando os índios e mandando pra longe nossas riquezas!

Calculistas e mercenários, criamos o nosso próprio Paraíso terrestre e batizamos com o nome de "Paraíso Fiscal". Ali, abençoados pela generosidade financeira, protegemos nossas "verdinhas" em "espécie". Mas não se enganem pensando que se trata da flora tropical bem preservada. Neste caso, nos referimos às cédulas de dólar depositadas em contas pra lá de suspeitas.

Já os exemplares da nossa fauna contrabandeada desde sempre, agora, são enviados do "Paraíso Brasil" diretamente ao "Paraíso Fiscal", sem taxação, estampadas nas notas do nosso Real.

No fundo, queremos mesmo é preservar as "araras" que valem "dez reais". Defendemos, bravamente, os "micos-leões-dourados" que estão cotados a "vinte". Brigamos como loucos pelas "onças pintadas", ou seria por "cinquenta reais"? Tira a mão que ninguém vai "pescar" minha "garoupa" de cem reais, não! Ora, quem sabe se numa sombrinha agradável lá nas Ilhas Caymãs elas não se reproduzam rapidamente?

Diante desse "Capitalismo selvagem", para se alcançar o Paraíso basta colocar a grana na cestinha diante do altar. Um carrão novinho também dá direito a chegar lá. E o que falar da ida ao shopping com dinheiro pra gastar? E se faltar din din, há cartões de crédito, cheque especial e crediário, todas as facilidades do mundo no "Paraíso do Consumo"!

Mas nós somos a Mocidade e, independentes, podemos ir a qualquer lugar.

Vamos fazer a nossa parte! Querer é poder, e o amor constrói. É possível descobrir o nosso próprio paraíso, afinal, ele está perto de nós, dentro de nós mesmos, em nosso interior.

Vamos jogar fora as amarguras do dia a dia e nos vestir com a fantasia que sempre sonhamos: milionário ou plebeu, rainha ou camelô, desempregado ou doutor, um nobre ou apenas um sonhador.

Afinal, hoje é carnaval, e se você sabe o que procura, tudo é possível no "Paraíso da Loucura"!

Está esperando o que pra ser feliz?

Enredo do meu samba...

Saindo um pouco do clima dos bumbás, outros enredos do Grupo Especial de São Paulo para 2010:


Império de Casa Verde - 400 Anos de Itu - O berço da República ... Interessante pela importante histórica da estância turística e ineditismo do enredo...


Gaviões da Fiel - Centenário do Corinthians - Mais óbvio impossível. Se a Gaviões não contasse essa história seria um crime hediondo contra a torcida do timão... Risos...


Acadêmicos do Tucuruvi - São Luis...Um Universo de Encanto e Magia - Depois de passear pelas ladeiras de Vila Rica (Ouro Preto) a escola irá visitar as terras de Luis, rei- menino vindo de França... Sou suspeito pra comentar adorei conhecer São Luis... Risos...

TV Aberta - Festival Folclórico de Parintins - Segunda Noite...







Fotos da Primeira Noite: Bruno Miranda / Na Lata

A segunda noite do Festival Folclórico de Parintins foi algo surreal. Os dois bumbás deram um show de recuperação. O Garantido explodiu o bumbódromo e levantou a galera com a continuação do tema Emoção.

O boi vermelho e branco abusou das fibras, sementes, cipós e dos materiais naturais. A figura típica regional foi um caboclo confeccionado com elementos reciclados da floresta, o que deixou a alegoria com um visual rústico.

A alegoria do bicho folharal trouxe para arena um ser gigantesco em forma de árvore e misto de camaleão, a função do ser era expulsar os invasarores e destruidores da floresta. Para completar o cenário árvores saltitantes, que utilizaram why jump. Da alegoria também surgiu a mãe da mata.

Para fechar a noite, o boi da baixa do São José, que tem orgulho de ser perrexé (rude) narrou a saga da tribo Deni, que com o auxílio do pajé Zupinehé combateram o terrível ser Tukurime. Durante o duelo o mago evocou a coruja (pássaro ancestral)que o fortaleceu.

O artista André Nascimento (pajé) incorporou o gavião real -- desafiou a altura ao surgir no topo da alegoria, bem próximo a coruja gigante que sobrevoou o ser Tukurime. Depois de desaparecer o pajé ressurgiu no chão e fez suas orações e rituais de pajelança -- um momento mágico.

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O contrário (Boi Bumbá Caprichoso) começou sua apresentação de forma simples. Os itens amo do boi com seu berrante, levantador de toadas e apresentador entraram juntos. Em seguida dois balões juninos trouxeram o boi Caprichoso e a sinhazinha da fazenda.

Um arraiá em homenagem a São João foi montado na arena e na sequência uma surpresa: o ritual do pajé, que costuma ser o último item a ser apresentado, teve sua ritualística antecipada.

O pajé Waldir Santana teve um acidente na primeira noite, o que prejudicou sua apresentação. Porém, o artista não se fez de rogado e mesmo com o pé fraturado e inchado "destruiu tudo" na representação do ritual Mayoruna. Ele se jogou literalmente ao som da toada que narrou a saga do xamã e sua busca pela cura das enfermidades da tribo.

Durante o ritual ele evocou os répteis sagrados, pois segundo o ritual a pele descamada desses animais trazia a cura desejada. A alegoria era fantástica, cheia de movimentos e efeitos. O conjunto alegórico é bem o estilo da Beija-Flor, devido aos vários seres estranhos, meio-homem, meio-réptil.

Se o pajé que era o ápice da noite já havia aparecido, faltavam ainda outros itens que foram responsáveis por novas surpresas.

A primeira foi a figura típica regional -- as homenageadas foram as tacacazeiras de Parintins. O cenário reproduziu na arena pontos turísticos da ilha, incluindo a fachada da igreja de Nossa Senhora do Carmo. Da alegoria surgiram a rainha do folclore e a porta-estandarte. Para completar o clima foram servidos potes de tacacás aos figurantes -- o lado místico-religioso ficou por conta do surgimento de uma reprodução da santa de 7 metros de altura.

A toada Tempo de Borboletas foi apresentada -- a backing vocal afinadíssima cantou igualzinho a versão do compacto. Enquanto isso, um novo cenário era montado para o Wayuri-Kaua -- um momento dramático em que os espíritos dos bravos guerreiros foram relembrados. Entre eles, Ajuricaba -- o bravo índio que lutou no Amazonas.

Para representar o encontro das águas -- 300 figurantes vestidos de preto e branco encenaram o encontro entre o Rio Negro e o Solimões. Ao desceram da alegoria um novo cenário foi revelado e dele surgiram esculturas de mulheres arraias e a cunhã-poranga que foi saudada pela galera.

A alegoria mostrou que a interação Rio de Janeiro - Parintins agora faz o caminho contrário, pois os artesãos parintinenses mostram no festival tendências e soluções plásticas utilizadas no carnaval carioca.

A segunda noite ficou tecnicamente empatada pela qualidade do espetáculo apresentado pelos dois bumbás.

Hoje, a partir das 21h, horário de Brasília irá começar a última noite do duelo dos bumbás...