sexta-feira, julho 18, 2008

Existe mesmo a pessoa certa?

Uma conversa acalorada com uma amiga me levou a refletir sobre as relações afetivas nos dias de hoje. Existe mesmo a tal da cara metade? A clássica tampa da panela? A complementar metade da laranja?

Depois de algumas horas falando sobre o tema, cheguei a uma conclusão que pode ser momentânea, pois no campo das relações pessoais e dos relacionamentos não há um instante congelado e definitivo. Enfim, não existe a pessoa certa, não nos moldes lúdicos e poéticos imaginados na adolescência, e sim uma imagem de aceitação criada ao longo do convívio e das descobertas.

O casamento clássico já não existe com tanta freqüência, não que ele tenha deixado de ser um contrato social. Porém, hoje, há uma flexibilidade no momento de decidir, a escolha é feita pelas pessoas envolvidas e não mais obrigatoriamente por uma imposição familiar pontuada pela concessão de dotes e o fortalecimento dos interesses em muitas vezes puramente comerciais.

Porém, a liberdade de escolha trouxe consigo outros complicadores. Há uma corrente forte dos que não querem assumir compromisso com ninguém, até por a sociedade encara com mais naturalidade os “solteirões” e “solteironas” de plantão, que por uma série de fatores adiaram o matrimônio ou por terem ojeriza mesmo de dormir e acordar ao lado da mesma pessoa todos os dias.

Há aqueles que por terem tanta liberdade de escolha se perdem na diversidade, ou colocam à frente de seus sentimentos rótulos sociais e padrões criados pela moda e até mesmo pelo status social. Esse tipo de pessoa sempre que se interessa por alguém, fica preocupada com o que os outros irão dizer e ate mesmo pensar a respeito e perante tanta insegurança preferem assumir um comportamento meio kamizake. Nesse caso, ou permanece solteiro ou mergulha de cabeça na primeira relação que pintar, pagando o preço de sua escolha e muitas vezes se reduzindo ao papel de coadjuvante das vontades do parceiro (a).

A idéia não é questionar esse ou aquele individuo, e sim refletir se vale a pena viver em função da pessoa certa, ou buscar um amor de verdade, que pode ser a pessoa errada ou muitas vezes completamente diferente daquele padrão que foi imaginado, sonhado e desejado. Seria talvez uma questão a ser pensada de forma adulta e com muito desprendimento para romper qualquer barreira, e principalmente os paradigmas pessoais e as vaidades amparadas em preconceitos.

Enfim, a pessoa certa pode ser aquela que traz consigo não o amor instantâneo, a paixão a primeira vista, mas sim a afinidade, a conversa amigável, a admiração e o sentimento construído e conquistado a longo prazo, no decorrer da relação. Dentro de uma situação que pode começar na amizade, através de um gosto pessoal em comum, de uma mensagem eletrônica interpretada de uma forma diferente e também pela simples atuação do destino, que move, modifica, cria e recria situações entre as pessoas.

E assim vai....

E a vida segue...
Texto publicado no site Menta Rosa

terça-feira, julho 15, 2008

Caos real e virtual

Depois de me tornar o mais novo “Garanchoso” e de até me aprofundar um pouco mais nos encantos do Festival de Parintins, volto ao mundo dos blogs pra papear um pouco com o povo do ciberespaço.
Como um escândalo sempre supera o outro, as últimas mortes brutais no país tem deixado o caso Nardoni de lado. A inocente criança que virou notícia da pior maneira possível, talvez só volte à luz em novembro, quando será comemorado o Dia de Finados. A não ser é claro que algum fato novo ou uma confissão seja realizada.
A greve dos condutores de São José dos Campos mostrou que quando não há acordo o caos é o fim. Aplaudida por uns, odiada por muitos a paralisação fez com que os moradores dessem seus pulos e até de certa forma se sensibilizassem com os problemas vividos pela categoria. É aquela coisa, o serviço é de utilidade pública, mas as pessoas só valorizam quando deixa de existir ou de funcionar.
Por falar em funcionamento, o caos na “bunda larga” da Telefônica deixou os consumidores do serviço de internet rápida de orelhas em pé. Eu fiquei sem conexão por alguns dias e acompanhei pela TV as explicações misteriosas para o ocorrido. Quem sabe agora o serviço melhore, pois pelo preço cobrado, funcionar de forma eficiente é o mínimo que se espera.
Ano eleitoral; greves pipocando no país. Será que a nova regra para divulgação do material eleitoral irá de fato funcionar. A idéia é linda. Uma campanha super limpa, sem excessos e com CNPJ até nos famosos “santinhos.” Tomará que essa onda de praticar a transparência funcione não só na hora de se eleger mais também durante os anos do mandato.
Dia desses saí pra comprar umas bobeiras necessárias e ao exigir a Nota Fiscal Paulista, a atendente me olhou com aqueles olhos meio raivosos e um ranger de dentes peculiar a quem não estava muito a fim de ser solicita. No final ela acabou cancelando o primeiro registro e me concedendo a nova nota. Não adianta fazer campanha publicitária alertando os consumidores sobre os seus direitos, se do outro lado, as empresas não investem em seus funcionários e os motivam a trabalhar de forma a ter satisfação no que faz.
Se você ainda não fez seu cadastro para acompanhar o lançamento das notas fiscais, acesse o link abaixo:
http://www.nfp.fazenda.sp.gov.br/

quarta-feira, julho 02, 2008

O mais novo "Garanchoso"





Fonte: www.band.com.br/parintins

Depois de acompanhar [pela televisão] pela primeira vez as três noites do Festival Folclórico de Parintins, cheguei à conclusão de que sou um dos mais novos torcedores “Garanchoso” do país. O evento mostrou a riqueza cultural produzida pelos moradores da Ilha de Tupinambarana, localizada em Parintins, no estado do Amazonas.

O espetáculo é simplesmente interessante em vários aspectos, a começar pela forma com a história é contada, a divisão dos atos e a superprodução para receber as principais estrelas da festa e como a celebração é para o Boi, ele é o personagem cênico mais aguardado e festejado.

FESTIVAL - O primeiro dia da apresentação dos Bois Garantido (vermelho e branco) e Caprichoso (azul e branco) foi marcado por surpresas e metamorfoses plásticas de efeito arrebatador. Ao mesmo tempo em que me encantava com esse novo tipo de sonoridade, que me lembrou em muito o boi do Maranhão, ia me deixando seduzir pela beleza das roupas, versatilidade da montagem dos cenários e a complexidade do enredo, que é recheado do misticismo originado pela mistura do indígena com europeu e o africano.

A musicalidade é um capítulo a parte, pois o som produzido não é tão pesado como o “tum” “tum” “tum” das escolas de samba, o que facilita acompanhar o ritmo que é muito bem marcado pela galera nas arquibancadas do bumbódromo.

Cada apresentação é limitada ao tempo máximo de 2 horas e 30 minutos. E, nesse ínterim, adentram a arena o Boi, a Rainha do Folclore, a Sinhazinha, a Cunhãporanga e o Pajé. Além, do Pai Francisco, da Mãe Catirina, do Amo do Boi e do mestre de cerimônia que são os primeiros a entrar em cena.

A segunda noite foi pontuada pelo misticismo e por alegorias ainda maiores. Os seres mitológicos da floresta invadiram a arena com suas cores vibrantes e efeitos de fazer cair o queixo. O melhor momento foi quando o cantor de toadas do Boi Garantido cantou “Vermelho” que foi gravada e divulgada pela cantora paraense Fafá de Belém.

O Caprichoso iniciou as apresentações da última noite e reafirmou sua imagem de Boi Luxuoso, enquanto o contrário é o Boi do Povão. Entre as lendas apresentadas, a da Mandioca, que me lembrou os trabalhos escolares clássicos do mês de agosto, mês do folclore.

COMPREENSÃO – A princípio achei que seria mais difícil entender o desenvolvimento cênico do festival, mas os anos de carnaval me deram algum “feeling” pra não ficar viajando tanto. Como o boi foi importado do Nordeste do país, a história central é a mesma, o que muda é o enredo, que é tão fantasioso e lúdico como o próprio carnaval.

COBERTURA – Sobrou boa vontade, mas faltou técnica na cobertura e principalmente na apresentação. Embora o Datena tenha se cercado de bons comentaristas (um de cada boi e Milton Cunha nos comentários artísticos) ele acabou excedendo na euforia em muitos momentos, o que tornou sua presença cansativa e maçante. Ele é bem intencionado, mas parece que esquece que o espetáculo é audiovisual por si só. O espectador precisa apenas da informação necessária e não de uma chuva de adjetivações.

INFLUÊNCIAS – É muito positiva a troca que vem acontecendo entre o Boi do Amazonas e o carnaval do Sudeste. Digo Sudeste, devido ao fato do Rio de Janeiro e de São Paulo ter em seus efetivos artistas parintinenses, o que tem feito com que as alegorias do Sul ganhem em tamanho, mas principalmente em movimentos mecânicos que são viabilizados por meio da instalação de cabos de aço.

COMPARAÇÃO – É tolice comparar os espetáculos, embora seja quase irresistível traçar tais comparações. Durante a transmissão muitas similaridades e pontos positivos de um sobre o foram apontadas. Porém, penso que o mais sensato a fazer é respeitar as características regionais de um e observar os efeitos midiáticos e internacionais do outro.

FUTURO – O contrato para transmissão em canal aberto é até 2.010. Nas sonoras gravadas nos três dias de festival, os políticos da região já apontaram os planos futuros para o evento, que atualmente comporta 35 mil pessoas nas arquibancadas (0800). Com essa divulgação a festa promete extrapolar as barreiras da mata e ganhar ainda mais o Brasil e o mundo.

MARKETING – Para atender aos consumidores locais e divulgar suas marcas, as empresas não pouparam mimos. Todos os patrocinadores modificaram as cores de suas logomarcas para atender os requisitos de separar muito bem, o azul e branco do vermelho e branco.

PASSADO – No carnaval de 1997, a X-9 Paulistana fez um enredo sobre a Amazônia e citou o Garantido e o Caprichoso. No ano seguinte, os Acadêmicos do Salgueiro lançaram um compact disc independente com o enredo sobre o Festival de Parintins. O samba de enredo foi pouco divulgado, pois não saiu com os demais, mas na avenida a escola promoveu uma grande transformação visual ao absorver para si vários elementos da cultura amazonense. Entre os destaques, a escultura de um Mapinguari gigante feito do mesmo material utilizado nas cabanas dos caboclos e índios.

INEDITISMO - Quando se diz que o Brasil não conhece o Brasil, o que me resta é concordar em gênero, número e grau. Pois, a transmissão em rede nacional do evento levou 43 anos para acontecer, sendo que o boi é celebrado em Parintins há 95 anos. Mas, antes tarde do que nunca.

Que venha o próximo, pois como novo “Garanchoso” eu já reservei o último final de semana de junho para acompanhar as toadas, as pajelanças e evoluções dos bois parintinenses e agora brasileiros.

Texto escrito e publicado originalmente no blog Menta Rosa

Enredo do meu samba...


A sinopse do enredo sobre [Tambor] dos Acadêmicos do Salgueiro para o próximo carnaval:

Enredo: "Tambor"
Da Natureza.

Da Pré-história.

De árvores, troncos e peles.

Que vibra, comunica.

Que pulsa.

Dá ritmo à vida.

Tocado, dobrado, sentido.
Ancestral, ritual.


Dos deuses.

Tribal, africano.

De raiz, da raça, da cor.
De culturas.


De povos.

Do Oriente, do Ocidente.

Da arte e do vigor.

De História.

De glórias e vitórias.

De crenças e mitos.

De celebrações.
Místico.


Sagrado.

De cultos e religiões.

De fé, de festa.

Que cura a alma e alegra o corpo.
Folclórico.


De Caboclinho, Ciranda e Bois.

De Crioula.

De Ijexá.

Da coroação.

Do Maracatu.

Da Marujada, Congada, Carimbó.

Do Maculelê, Jongo e Caxambu.

Do Reisado, do Forró, do Xaxado.

De Roda. Do Partido. Do Quintal
Moderno, contemporâneo.


Da inclusão.

De lata.

Olodum, Afroreggae, Timbalada.
Do Carnaval, das escolas, das baterias.


Repiques, pandeiros e caixas.

Taróis, tamborins, surdos de marcação.

De magia.

De samba.

Furioso.

Dos Mestres.

Do Mestre.

Da Academia.

Do Mundo.

Da Vida.
Do Coração.
Tambor.


Renato Lage e Diretoria Cultural