quinta-feira, agosto 14, 2008

China in Box

E o mundo se curva perante os encantos da China. Um quê de repressão, um quê de ostentação, mas como diz o dito “Quem não tem olho grande não entra na China.”

Varrendo as mazelas pra baixo do tapete, o gigante asiático abre seus portões e portais ao mundo. Nem tanto. Ele deixa as portas semi-abertas, até porque é preciso manter o estilo e preservar a cultura milenar de um povo que está acostumado a seguir sem questionar.

Dizer que o espetáculo de abertura seria um show é praticamente “chover no molhado.” Os caras são bons na construção do coletivo copiado, idêntico e sincronizado. Os ritmistas tocando tambor é a prova mais clara desse coletivo. Até tentei ver se alguém saia do ritmo, ou levantava mais o braço que o outro, mas foi quase impossível perceber falhas.

Parece que o mundo embasbacado com as maravilhas de lá, fica tentando achar erros para criticar o momento, que dificilmente será superado por outro país. Fica para Londres a missão de mostrar algo mais comovente ou mais tecnológico, como queira.

Alguns momentos me lembraram o trabalho da nossa carnavalesca Rosa Magalhães, que no carnaval dos 500 Anos do Brasil, visitou todos os países que eram explorados pela coroa portuguesa, na época do descobrimento.

Sobre os gastos públicos é um absurdo sem dúvida, mas como o sistema chinês não dá ao seu povo o direito de se sentir dono de sua própria riqueza monetária, fica aí a lição para os capitalistas e principalmente para o contribuinte brasileiro, que deve estar atento e não apenas empolgado com essa iminente possibilidade de sediar o espetáculo.

A sensação mundial criada pelas Olimpíadas é como se o evento se tornasse a grande panacéia do mundo. Todos são iguais, não há pobreza, não há mudanças climáticas, não há desemprego. Só esse clima de paz universal. Por outro lado, a gente precisa dessas distrações para ir tocando o barco. Enquanto isso, os atletas buscam ser ou o mais rápido, ou o mais forte, ou o mais alto.

Eu ainda prefiro um China in Box e de brinde um biscoito da sorte, com alguma mensagem reflexiva positiva. [Risos]