sexta-feira, novembro 09, 2007

Degustação: Cardápio Popular

Sustança

Para forrar o bucho, nada como o clássico prato de arroz com feijão. Ou seja, um passeio pelas faixas do Grupo de Acesso A - Rio de Janeiro.


1 - Caprichosos: Gostei muito do uso do samba de esquenta Tio Juca na abertura. Mas, esses passeios turísticos da escola já deu. Tudo bem! Fazer carnaval com patrocínio é mais gostoso. Porém, viver exaltando o petróleo cansa né! O samba é na média.


2 - Cubango: Tem um refrão do meio muito interessante, pois, mescla claramente a mistura feita pela bailarina Mercedes Batista, que juntou o popular com o erudito, em suas coreografias desenvolvidas nos Acadêmicos do Salgueiro.


3 - Rocinha: O samba é pra cima, tem força e muita energia. Pois, o enredo fala de Nordeste, mas não quer penalizar com uma temática árida e arrastada. É feito pra homenagear, logo, contagia. Das obras escritas para o carnaval 2008 é o que ficou melhor na gravação oficial.


4 - Império Serrano: A decepção do ano. Espera muito do Império Serrano, mas o samba da Serrinha passa batido no cd. Infelizmente!!!


5- Império da Tijuca: A escola escolheu um enredo que já foi apresentado pela Unidos da Tijuca e conseguiu fugir com classe de qualquer referência ao passado. O samba tem uma sacada que gosto bastante: "São lágrimas de Portugal." (Fernando Pessoa)


6 - União da Ilha: A melhor faixa do álbum. Não é porquê o samba "È Hoje", seja um clássico da história do samba de enredo. Ficou excelente a cara que Ito Melodia (filho de Aroldo Melodia: puxador clássico da agremiação), deu ao samba.


7 - Renascer de Jacarepaguá: O segredo dos carnavais temáticos é fugir do óbvio. Mas, o samba da escola é o mais historicamente correto. O que o torna apenas adequado ao enredo. Não tem nada de extraordinário.


8 - Estácio de Sá: Infelizmente! Serginho do Pandeiro teve que criar o filho feio "párido" pela escola. Os anos cantando em São Paulo deram mais desenvoltura pro puxador. O profissional que já cantou até samba sobre pedofilia, tirou de letra o "monstrinho", que deram pra ele.


9 - Lins Imperial: Celino Dias tem carisma na voz, o que ajuda com que essa repetição da chegada da Família Real se torne algo menos maçante. A licença poética de usar o trecho "Essa terra tem palmeiras, onde canta o sabiá", é válida e dá um toque cult ao samba.


10 - Santa Cruz: Na média. Mas como David do Pandeiro é guerreiro, o samba deve crescer na avenida.

Degustação: Cardápio Classe A

Ambrosia: A comida dos deuses


Hoje, tive o prazer (Graças ao advento da internet), de degustar uma prévia do cd do Grupo Especial do Rio de Janeiro 2008.



1 - Beija-Flor: Pra variar a escola abre muito bem o cd. Sendo Nilopolitano ou não! É preciso reconhecer o valor da gravação da agremiação. Com um diferencial é o samba que entra na cabeça e cola no ouvido. Você pega de ouvido.


2 - Grande Rio: Definitivamente o samba é ruim mesmo. Nem Wander Pires conseguiu fazer milagre esse ano. Outro complicador é que o enredo "chapa branca", faz apologia ao gás natural. Sendo que na realidade o país e os consumidores vivem uma suposta crise no abastecimento do produto.

3 - Mangueira: O samba é pra cima, mas Luizito não conseguiu dar a energia que a obra precisa pra empolgar. Levando em consideração que os sambas foram nivelados no cd. Fica aquela dúvida, que só o desfile poderá esclarecer.

4 - Unidos da Tijuca: O samba da Tijuca é um coringa sempre. No cd passa batido, mas depois do desfile ganha minha simpatia.

5 - Viradouro: A surpresa está mais por conta da troca do puxador do que do samba em si. Depois de anos ouvindo Dominguinhos do Estácio defendendo os sambas da escola, é até estranho não tê-lo no cd.

6 - Vila Isabel: O samba Frankstein (junção de duas obras), não desceu até agora. Ainda acho que a composição do André Diniz & Cia "sozinha" funciona melhor.

7 - Salgueiro: Para um enredo "carioca da gema", a faixa do Salgueiro chega a dar sono. Ai! Ai! Mesmo.

8 - Portela: O samba regular e adequado ao tema da Portela, ficou ainda melhor, na voz do Gilsinho, que manda bem!

9 - Imperatriz: Preto Joía surpreendeu na interpretação e não deixou nada a dever para a gravação feita pelos compositores. A sacada da introdução do samba ficou muito bacana, pois, lembra bem o compasso de um trem. Se a idéia era mostrar identidade com o bairro: a escola conseguiu.

10 - Porto da Pedra: Chato! O tom baixo complica ainda mais. Nem tive paciência de assistir o desfile da escola esse ano.

11 - Mocidade: Superar a gravação de Wander Pires já é um desafio. Que por sinal foi superado por Bruno Ribas. Até parece que ele nasceu cantando esse samba. A faixa merece a função repeat.

12 - São Clemente: Na estréia de Leonardo Bessa no Grupo Especial, acho que ele merecia cantar um samba melhor. A primeira parte da faixa nem chama atenção.

Como era de esperar o cd não é um absurdo. Acho que as escolas de samba estão devendo isso pros torcedores. Tendo como parâmetro que os discos competiam "pau a pau", com o LP de Roberto Carlos, hoje, é bem capaz que perca na vendagem pra qualquer álbum do Calypso.