segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Enfim Sapucaí







Fotos UOL

"A história do samba mudou, Bateria diferente, olha o toque do agogô, No primeiro destaque e na comissão, As novidades verde e branco, meu irmão."
Arlindo Cruz, Maurição, Aluízio Machado, Carlos Sena e João Bosco - Império Serrano 2007


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Depois de um ano de muita espera, eis que os primeiros tambores ecoaram na noite de ontem na Sapucaí. E através de cada bossa, convenção e paradinha a esperança de cada agremiação em brilhar e encantar o público durante 80 minutos.
O carnaval 2007 está bem diferente dos anos anteriores, pois as favoritas não levam muita vantagem em relação as "primas pobres." O que está em jogo não são apenas o título de campeã e uma vaga no desfile do próximo sábado e sim a própria permanência na elite do carnaval carioca.
Armas - Para a renascida das cinzas Estácio de Sá, a reedição foi a tábua de salvação e principal trunfo para seduzir jurados e os presentes nas arquibancadas. Sob a coordenação artística de Paulo Menezes, a agremiação deu show de bom gosto e acabamento nas alegorias e adereços. Com destaque para os guerreiros de Terra Cota e a réplica da estátua da Liberdade revestida de pastilhas de chiclete.
A representante da Serrinha realizou o melhor desfile dos últimos anos. Isso mesmo, o Império Serrano afastou a má impressão e soterrou os anos sombrios. Graças as inovações em sua diretoria e a presença de Jack Vasconcellos, que com seus 29 anos de idade, mostrou que competência não tem limite mínimo de idade, dando aos imperianos uma homenagem digna para quem está completando 60 carnavais.
Os versos de Camões tornaram-se cansativos ao longo da apresentação da Mangueira. Apesar da imponência, do visual e do jeito "Max Lopiano" de ser verde e rosa. A escola foi ficando pelo caminho. A comissão-de-frente de Carlinhos de Jesus foi o melhor momento da agremiação, que apesar de não empolgar pela emoção, talvez volte a Sapucaí no desfile das campeãs, devido ao luxo apresentado.
Inovação - Ao falar de jogo, a Viradouro, agora de Paulo Barros mostrou que deu carta branca ao artista que limpou visualmente a escola. Sem muitos destaques, sem muitos adereços a agremiação veio "clean", para o sambodromo.
As alegorias simples do artista abusam do material humano que são os responsáveis por preencher o branco e dar vida as formas objetivas do carnavalesco. Uma das assediadas no período pré-carnaval surpreendeu em alguns momentos, mas não foi a grande sensação da noite até porque o jeito Barros de fazer carnaval está se alastrando e tudo que virá popular, às vezes, perde a graça.
O artista Alex Souza foi buscar inspiração para o seu carnaval, nos artistas que fizeram ao longo dos anos, a cara da verde e branco de Padre Miguel. E o resultado foi um desfile agradável e o melhor desde 1999. Perdida num vale de sombras e mofando no limbo carnavalesco, a Mocidade Independente de Padre Miguel lutou bravamente pra mostrar que ainda está viva e embalada por suas paradinhas animou seus fiéis torcedores.
Técnica - A Vila Isabel mostrou que está preparada para segurar o título de campeã pela segunda vez. Com um desfile técnico, luxuoso e tecnológico, a escola do bairro de Noel disse com todas as letras a que veio. E apesar da troca de farpas entre seu carnavalesco e Laíla, um dos mentores da Beija-Flor, a Vila parece estar adquirindo uma nova cara de fato, baseada não em um estiloso próprio e sim na coleta de informações presentes no atual carnaval.
Destaques - A apresentação mais emocionante ficou por conta do Império Serrano, O luxo por conta da Mangueira, Vila Isabel e Estácio de Sá, a técnica veio pelas mãos da Mocidade. E a criatividade mais uma vez foi a marca de Paulo Barros, apesar de que em termos plásticos a escola seja irregular.