Conversando [In Off] com um amigo pelo orkut, ele comentou que o Festival Folclórico de Parintins parecia muito com a Sapucaí. Na verdade o que aconteceu entre o bumbódromo e o sambódromo foi uma fusão natural -- De um lado a Sapucaí precisava de uma revolução estética [slogan repetitivo, mas alimentando a cada carnaval] -- De outro artistas desconhecidos, mas que tinham aprendido a fazer do seu arroz com feijão -- um prato sensacional.
Os artistas de Parintins tomaram conta do carnaval brasileiro é um fato consumado. Eles se espalharam pelas escolas de samba e se multiplicaram, oferecendo aos carnavalescos o seu grande diferencial -- as esculturas articuladas que executam vários movimentos -- sem contar o custo da mecanização que é bem mais barato que em Hollywood -- o trabalho é feito por cabeamento e a tração é humana.
Até então existiam carros alegóricos grandiosos, esculturas muito bem esculpidas, mas imóveis -- agora as escolas de samba do Rio e de São Paulo tem a seu dispor um recurso que se bem aplicado é bem interessante de se ver.
DESCE - Um exemplo de uso de gosto duvidoso foi no carnaval 2009 da Mocidade Independente de Padre Miguel. Eu esperava ver um outro tipo de trabalho na homenagem ao centenário de morte de Machado de Assis e de nascimento de Guimarães Rosa. O abre-alas era muito feio, embora fosse todo adornado por Km de neon. Sem contar a escultura de uma outra alegoria que parecia com o Urupeara [ente protetor dos índios]do Boi Caprichoso 2008.
SOBE - Por outro lado, o artista Zilckson Reis [Boi Garantido] tem realizado um excelente trabalho em São Paulo. Na verdade ele mesclou o de lá com o de cá. Prova disso, que durante sua passagem pela Mocidade Alegre ele desenvolveu enredos esteticamente diferentes e não transformou a escola numa reprodução do boi vermelho. No carnaval deste ano ele comandou o desfile dos Gaviões da Fiel, que abusaram da tecnologia importada pra contar a história da roda.
Só pra fechar o tema. Em 1998, os Acadêmicos do Salgueiro homenagearam os bumbás de Parintins e mesclaram muito bem os estilos -- o que era Parintins teve o ar parintinense e as referências aos outros bois o toque carioca-salgueirense.
Acadêmicos do Salgueiro - 1998
PIONEIRA - A Beija-Flor se renovou com o apoio dos artistas de Parintins e o clima místico e sombrio povoou o imaginário de vários de seus carnavais nos últimos tempos. Monstros, seres medonhos, braços articulados, dramatização e teatralização em quase tudo. Esse ano a escola resolveu dar uma mudada, mas a coisa ficou tão misturada e confusa que prejudicou o conjunto -- a história do banho não conseguiu dar a leveza que a agremiação esperava.
PARINTINS 2009 - Voltando a questão inicial levantada pelo meu amigo. O Boi Caprichoso usou esculturas vivas em duas noites -- Na primeira pra fazer o revestimento da oca do Pajé Apurinã e na segunda o encontro das águas, isso deu o que falar. O boi azul incorporou ao seu visual impecável -- a última novidade do carnaval carioca criada pelo carnavalesco Paulo Barros. O que funcionou no Rio, em Parintins parece que não foi visto com bons olhos -- o festival tem um ar folclórico e mesmo que o folclore seja uma manifestação que se atualiza e está em movimento constante algumas regras invisiveis não podem ser quebradas até porquê, tem a coisa da tradição, da estética e das características de uma ou outra manifestação.
Unidos da Tijuca - Carnaval 2008 - Pavão - Efeito de leque muito semelhante ao utilizado pelo Boi Caprichoso em 2009
É uma discussão confusa e interessante... Risos
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