domingo, fevereiro 17, 2008

O incomparável

Daniel Faria - Baianas do Império de Casa Verde


Não adianta perguntar se as escolas de samba de São Paulo são melhores, que as do Rio de Janeiro. Definitivamente não há comparação entre as duas manifestações, que estão separadas por apenas 450 km, mas que guardam em si, características próprias e particulares.

Nem vou entrar no detalhe de cada uma, pois, é preciso muito relato histórico para exemplificar a diversidade e a pluralidade que envolve os desfiles da cada um dos estados citados anteriormente.

A única coisa que pretendo dizer é que o carnaval de São Paulo, o qual só comecei a acompanhar, em 1997, (...) este ano conquistou em definitivo a minha simpatia e admiração. Ver as escolas de samba de perto foi uma experiência inesquecível e muito prazerosa.

Não dizer que o Vai Vai era a favorita é burrice, a agremiação veio com uma força avassaladora, um verdadeiro rolo compressor. A Mocidade Alegre tinha o melhor samba – a melhor fusão entre duas obras, que já ouvi. Já a Rosas de Ouro trouxe um momento mágico pra avenida, com carros de muito bom gosto -- lindos de se admirar por horas.

A Vila Maria desfilou de forma gigantesca, mas acho que ainda falta melhorar a comunicação com o público. Quem já pisou na avenida sabe que é importante a troca entre componente e arquibancada. Em resumo, essa troca é o que empolga as arquibancadas.

As escolas têm dois trunfos (cartas na manga) ou são entidades respeitadas e veneradas, ou são comunicativas e simpáticas. No time das entidades veneradas estão: o Vai Vai, a Nenê de Vila Matilde, o Gaviões da Fiel e a Mancha Verde. Já no time do “salve simpatia” estão: a Rosas de Ouro, a Águia de Ouro e até o Camisa Verde e Branco, que mesmo sendo uma escola tradicional, tem mais força em seu chão, do que no poder de impressionar com alegorias e fantasias estonteantes.

A divulgação do resultado -- a famosa abertura dos envelopes -- mostrou que o carnaval de São Paulo está super equilibrado. A “surpresa” foi a presença da Tom Maior, entre as campeãs. A escola teve muita competência (apresentou um desfile técnico). Mas, contou também com o fator sorte, pois se o Império de Casa Verde não tivesse tido tantos problemas com as alegorias, com certeza a vaga entre as cinco primeiras seria do tigre.

Parafraseando Leci Brandão, foi um carnaval divisor de águas. Mas, em minha concepção e diante de minhas observações, o que mudou não foi só tamanho dos carros. As fantasias das alas foram mais bem elaboradas. Sendo que muitas eram de fácil compreensão, que é uma característica importante para o entendimento da mensagem.


As escolas estão mudando suas posturas. Estão investindo cada vez mais. Entre os exemplos, a X-9 Paulistana, que fez um desfile morno para frio ano passado. Porém, este ano trocou de puxador, que deu uma outra cara para o conjunto da escola, que veio comendo pelas beiradas e mesmo não estando na apoteose, nos deu um dos grandes momentos do carnaval 2008.