sexta-feira, outubro 31, 2008

Enredo do meu samba...


Saci ou Halloween eis a questão!!! ???


A briga é boa. Uns defendem o personagem nacional de uma perna só, gorro, calção vermelho e cachimbo nas mãos, outros se rendem aos encantos alegóricos, as maquiagens, aos doces e travessuras do importado Halloween.

Há certo ou errado?

Acredito ser um caminho sem volta, pois com a globalização (clichê básico, mas essencial) e a necessidade cada vez maior de falarmos duas, três, vinte idiomas, além do esperanto (risos), as influências externas se tornam cada vez mais sutis e aceitas sem muita resistência.

Um dos pólos que ainda resiste é São Luiz do Paraitinga, que fica no Vale do Paraíba Paulista. Os moradores ao invés de celebrar o tenebroso Dia das Bruxas, optaram pelo resgate do travesso Saci, que cresce dentro de bambus e surge dos redemoinhos.

Por outro lado, o comércio no atacado e no varejo se diverte e se mantêm com as produções rebuscadas, decorações assustadoras e recursos para tornar o Halloween das boites, escolas de idiomas e festas particulares o mais horripilante possível.

A discussão entre nacionalistas e globalizados já foi parar até na Sapucaí. Foi no carnaval de 1997, quando Milton Cunha, então, carnavalesco da Beija-Flor, resolveu homenagear as festas brasileiras e por conseqüência os 50 anos de Nilópolis.

Tudo ia muito bem... Passou o carnaval, o Dia das Mães, dos Pais e quando chegou o mês de outubro, eis, que surge um enorme demônio com uma mulher presa dentro de sua boca. O comentarista Haroldo Costa, não deixou por menos e “sapecou” a alegoria, que segundo ele, deveria retratar um dos seres folclóricos do país e não fazer referência internacional.

A briga vai ser eterna, inclusive no carnaval que embora já seja permitido tratar de enredos internacionais, nem todos são loucos pra cair na tentação de defender um tema puramente estrangeiro. Acredito que irá haver sempre uma mescla entre o tropical e o que vem de fora, seja ele, de além mar, oriental, latino e assim vai...

O mais importante é se divertir. Seja você um nacionalista ou um globalizado, o Conde Drácula, ou o Saci-Pererê. Mas que é sempre interessante analisar, refletir e discutir sobre os caminhos que as manifestações culturais tomam ao passar do tempo, isso realmente é fundamental. Pois cada vez mais a influência do capital e da geração de trabalho e renda, tende a fazer com que tudo vire um grande comércio maquiado de entretenimento e catarse.