Quero começar essa semana não falando de nada em específico, mas dizendo alguma coisa sobre algum fato qualquer com ou sem importância, pois quem "bloga" -- "bloga" não necessariamente está preocupado com o que está dizendo e principalmente se está servindo pra alguma coisa. Mas no fundo todos sabemos que alguém, em algum momento de distração ou de pura curiosidade vai parar e ler aquilo que você disse, tentou dizer ou deixou em aberto.
Na semana passada fui ao banco pagar uma conta que chegou atrasada por causa da greve dos Correios e o que era pra ser algo bem chato, acabou se tornando divertido, devido ao fato do atendente do caixa ser um cara muito figura. Havia um clima de tensão na agência, pois era dia de pagamento dos benefícios do INSS e por problemas de ordem técnica os caixas simplesmente não tinham dinheiro nem pra pagar os pensionistas, os aposentados e afins e muito menos pra devolver o troco das pessoas que assim como [eu] tinham contas a pagar.
As agências bancárias são um ambiente rico em diversidade social, tem de tudo, ouve-se de tudo. Enquanto aguardam nas filas, as pessoas abrem seu coração uma pras outras, reclamam da vida, do governo, do vizinho, do trabalho, tentam adiantar as pendências do dia pelo celular sem preocupações mínimas em ser discreto e muitas das vezes acabam por ferir o tal conceito da liberdade, mas acredito que controlar o ser humano num espaço público e tão democrático como os bancos é uma tarefa tão árdua como argumentar com um fanático.
O fato que "quebrou o gelo" entre o caixa e a pessoa que vos escreve foi a conversa aos berros de um cidadão pelo celular -- o cara se sentia no quintal de sua casa e gritava mesmo pra quem estivesse disposto ou não a ouvir o que ele dizia pra pessoa do outro lado, só faltava habilitar o viva voz pra gente ter o diálogo completo. Definitivamente tecnologia e "simancol "não andam de mãos dadas, não que isso seja regra, todavia é bem comum presenciar cenas que poderiam ser evitadas com pequenas ações e momentos de lucidez.
Quando os tais momentos de loucura e de pequenos descontroles acontecem é que o cara do caixa se diverte, todo mundo tem uma catarse no ambiente de trabalho, seja na conversa sem compromisso na hora do almoço, no final do expediente ou durante a jornada de trabalho, pois os pensamentos correm soltos e mesmo com tantas inovações e políticas corporativas -- o pensar -- ainda é livre de censuras e sensores.
Pra selar nosso rápido diálogo, pois a cliente seguinte fazia "deixas" em forma de reclamações a todo momento contra quem enrolava no caixa, -- caímos na gargalhada sobre a cena do celular, assim como eu, o cara do caixa também não costuma perder a piada e ele ainda teve tempo de contar rapidamente outros acontecimentos do seu cotidiano no melhor estilo conversa fiada...
