domingo, abril 06, 2008

O curioso carnaval de 1998

Baianas da Viradouro. Entre elas, Zezé Motta, que participou do
desfile devido as gravações do filme Orfeu, dirigido por Cacá Diegues


- Em entrevista Luma de Oliveira disse que usava coleira com o nome do então marido Eike, “seu dono”, como ela mesma citou na entrevista;

- A porta-bandeira Danielle Nascimento desfilava por mais um carnaval, na Tradição (escola dissidente da Portela). Ela nem imaginava que 10 anos depois, estaria recebendo o estandarte da Portela, escola que consagrou sua mãe Wilma Nascimento;

- Beija-Flor lançou a comissão de carnaval. A primeira comissão foi formada por oito artistas. As crias da comissão foram mostrar seus trabalhos em outras agremiações. O mais engraçado é que em 1998, a Mangueira dividiu o título com a Mangueira. Na época o carnavalesco da verde e rosa era Alexandre Louzada, que desde o ano passado é da comissão da escola de Nilópolis;

- Além de inaugurar a tal da comissão de carnaval, a Beija-Flor fez o chamado desfile técnico. O desfile técnico é aquele em que a escola desfila para os jurados, deixa de lado os fatores emocionais, que cativam o público. Porém, evita cometer erros e perder pontos nos quesitos chamados técnicos;

- Na contramão a Viradouro que buscava o bicampeonato fez um desfile ovacionado pelas arquibancadas. Repetindo a paradinha funk do ano anterior, a vermelho e branco de Niterói arrancou gritos das arquibancadas, que cantaram junto com a escola o samba de enredo sobre Orfeu.

Reprodução


Luis Carlos Magalhães relata o dia em que
Wilma Nascimento passou o pavilhão da Portela para a filha



Luis Carlos Magalhães(Especial para o Dia na Folia)


As feijoadas da Portela não param de emocionar os sambistas. Parece até que estava tudo combinado: Dorina, Luíza Dionisio, Nilze Carvalho e Ana Portal subiram no palco e homenagearam Clara Nunes. Provavelmente, sem nunca terem ensaiado. No entanto, dificilmente, por mais que ensaiem, repetirão aquele momento.


Depois de Clara, outro mito portelense subiu ao palco. Era Wilma, trazendo com ela sua filha Danielle, de mão esquerda dada com Fabrício (foto acima). Com a mão direita, empunhava a bandeira da Portela, mas não era uma bandeira como as outras.

Era a bandeira do último desfile de sua mãe. A última vez que se viu um Cisne na Passarela. Wilma recebeu flores do presidente da escola, Nilo Figueiredo, e foi reverenciada por Selminha Sorriso, Geovanna da Mangueira e Kátia, a segunda porta-bandeira da Portela.
Selminha estava muito emocionada. Wilma então se dirigiu ao público que a ovacionava. Agradeceu e lembrou um dia no passado, quando depois de uma ausência, retornava à Portela com sua pequenina filha Danielle. Naquele dia recebeu flores também.

Emocionada, Wilma não podia dizer muito mais. Disse que estava feliz por Danielle e por ver realizado o grande desejo de Mazinho, seu marido, e pai de Danielle.
Já deixando a cena, quem estava por perto pôde perceber. Quem estava ali não era a grande

Wilma da Portela, o mito, a lenda, o Cisne. Quem estava ali era outra Wilma; a Wilma mãe, mãe de Danielle. E passou por ali dizendo que ninguém poderia cobrar de Danielle como se estivesse cobrando dela.

A Wilma da Passarela já não existe. Agora é Danielle. É ela que vai escrever a história dela.
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Nota: Danielle Nascimento é filha de Wilma Nascimento, que deixou a Portela para fundar a dissidente Tradição, que entre tropeços e acertos, vive aos trancos e barrancos no mundo do samba carioca. A volta de Wilma e a ascensão de sua filha ao posto de porta-bandeira é um fato histórico dentro do universo do carnaval.

Reflexões Vol1


Depois de uma temporada aquecida, a “dança das cadeiras” no mundo do samba passa pela famosa entre safra. Alguns artistas renovaram contrato, outros trocaram de casa. Poucos irão pra geladeira.

O carnaval temporão foi colocado mais uma vez na gaveta. Promover um préstito carnavalesco em pleno surto de dengue seria algo muito perigoso pra macular a carreira política de qualquer governante.

Porém, os comentaristas, que bebem e se renovam diretamente na fonte, preferem acreditar que o projeto morreu ainda na gestação por ter vindo de cima pra baixo.

O último evento de peso do carnaval carioca foi o seminário promovido pelo site Carnavalesco, em parceria com a Universidade Estácio de Sá e o Instituto do Carnaval. Nas mesas redondas, vários aspectos do maior espetáculo da Terra foram discutidos, e principalmente o carnaval de meio de ano.

Acompanhando à distância foi possível perceber que os debates foram validos e que algumas falas também foram ricas do ponto de vista da expressão verbal de idéias e resgate das tradições.

No que tange aos enredos para o próximo ano. A coisa parece que tomou um caminho meio que sem volta, os patrocinadores assumiram o papel realizado com maestria pelos patronos.

Os antigos beneméritos eram os provedores dos recursos necessários para a realização dos desfiles, que podiam exercitar temas sem compromisso com essa ou aquela instituição.

Sem querer fixar raízes e me tornar saudosista em demasia, os tempos são outros. O carnaval de hoje não é o mesmo de ontem. Olha que ontem, pra mim é recente. Pois, comecei a acompanhar de fato o carnaval em 1997.

Porém, ouço samba de enredo desde 1986, quando uma fita K-7 (cópia gravada do vinil daquele ano) veio parar em casa, pelas mãos de um amigo de trabalho do meu pai.

No ano seguinte (1987) as bolachas pretas entraram para o orçamento da família. A partir de 1994, assumi a compra dos discos. Em, 1996, entrei para era do compact disc e herdei todo o legado anterior. Não sei por quê? (Risos)

Opss! Deixa-me puxar um pouco mais a memória. Até porque o samba que marcou minha memória “infanto-carnavalesca” foi a “A Grande Constelação das Estrelas Negras”, que a Beija-Flor de Nilópolis apresentou já na voz de Neguinho da Beija-Flor, em 1983.


Outras obras fizeram parte, mas essa foi a que marcou. Devido ao fato, de tê-la escutado na primeira vez que fui assistir carnaval de rua. No dia vi a apresentação de um grupo trajando lençóis brancos, que cobriam todo o corpo, inclusive o rosto. Nas mãos, os brincantes carregavam pedaços de cana de açúcar.

O bloco era conhecido como Pé de cana.