





Fotos da Segunda Noite: Bruno Miranda / Na LataA última noite do Festival Folclórico de Parintins foi uma grande brincadeira de boi. Na sexta-feira os bumbas fizeram uma prévia do que seriam as apresentações da noite de sábado e ontem todos os brincantes se divertiram e curtiram o Garantido e o Caprichoso.
O boi vermelho começou sua apresentação fazendo duas homenagens importantes dentro do contexto cultural e histórico da Amazônia –- os soldados da borracha foram relembrados por meio da figura do seringueiro
Chico Mendes e a miscigenação entre o índio, o branco e o negro foi ludicamente inserida aos pilares de sustentação do Teatro Amazonas –- uma das construções mais conhecidas do estado.
A lenda Amazônica narrada foi a história dos índios
Karajás – O Povo das Águas e dentro desse contexto foi revelada a rainha do folclore que surgiu da boca da serpente
Koboí – a rainha das águas. Segundo a mitologia, os karajás viviam entre a terra e a água, mas num certo momento a serpente bloqueou o caminho que fazia a ligação entre os mundos e eles tiveram que se espalhar pelas margens do rio Araguaia.
O traje da rainha do folclore trazia uma cabeça de cobra com olhos de
led´s azuis, ao descer da alegoria, a máscara foi ligada a um cabo que ao ser levantado fez esticar o pescoço da brincante que se transformou novamente na serpente
Koboí.Para encerrar sua apresentação o boi do povão trouxe pra arena o ritual dos
Gladiadores da Mundurukânia – os índios cortadores de cabeça. A alegoria era decorada por cabeças empaladas que complementavam o clima dramático e sombrio da narrativa.
Os guerreiros
Munduruku estavam em guerra e para apaziguar os índios o pajé é evocado. Em noite apoteótica, o artista
André Nascimento (pajé) surgiu voando de fora do bumbódromo a cerca de 50 metros de altura. Ao descer sobre a alegoria, ele desaparece para surgir novamente no chão incorporando uma formiga de fogo – Perfeito.
oooOOOooo oooOOOooo oooOOOoooO Caprichoso foi buscar nos artistas renascentistas da Itália, a inspiração para homenagear a figura típica regional da noite, que foi o artesão parintinense.
No centro da arena duas esculturas brancas remetiam a pintura de Michelangelo existente no teto da capela Cistina (Roma). O encontro do homem com Deus cedeu espaço a um
ateliê, no qual os sonhos dos artistas do Caprichoso se tornam realidade.
A alegoria cheia de referências e homenagens a história do bumba revelou também a sinhazinha da fazenda, a porta-estandarte e o boi Caprichoso que foi guiado por uma escultura da mãe natureza.
As tribos indígenas deram um show e abriram caminho para a fera do
Aningal –- Tapiraiauara -- (ente protetor dos peixes e animais que vivem nos lamaçais). A interpretação do ser ficou por conta da cunhã-poranga que surgiu de costas para o público e depois ao descer da alegoria se transformou na mais bela índia da tribo.
O ritual da
Aldeia Subterrânea começou com a coreografia de um grupo de guerreiros que abriram espaço para a escultura de uma formiga gigante. Do ser surgiu a rainha do folclore vestida de formiga marrom, que se transformou em arara-azul.
A dúvida da noite era se o artista
Waldir Santana incorporaria mais uma vez o pajé. O que de fato não se repetiu, pois a interpretação do xamã
Dsopinejé Kulina foi realizada pelo substituto
Fabiano Alencar.Segundo a lenda dos índios
Kulina, quando a fera
Dori desperta ela destrói a aldeia e aprisiona a alma dos índios no centro da Terra. Para salvar os índios, o xamã
Dsopinejé Kulina consulta os seres
Tocorimés, ingeri a bebida rami, entra em transe e vai ao centro da Terra combater o inimigo.
A primeira aparição do artista foi representando um ser meio-homem, meio-aranha, que após ingerir o alucinógeno se transformou no arcanjo xamã – o único capaz de restabelecer a paz na aldeia dos
kulinas. A expressão do artista foi fantástica, fez uma estreia impressionante.
oooOOOooo oooOOOooo oooOOOoooSenti falta de ouvir a toada do Caprichoso
– Amazônia, Onde o Verde Encontra o Azul e
Boi do Povão do Garantido, mas fiquei feliz por ver novamente a interpretação de
Pachamama que pra mim foi a toada do festival deste ano.
Quanto a transmissão
Teo José e
Renata Fan deram show, falar pouco e o essencial é o mais correto nas transmissões televisivas. O corte das câmeras principalmente ontem decepcionou um pouco. O comentarista
Milton Cunha continua perfeito e na transmissão da última noite deu uma advertida nos locutores, que se dispersaram em comentários desnecessários durante a apresentação dos
tuxuauas (líderes das tribos) do Caprichoso, que nem foram mostrados.
oooOOOooo oooOOOooo oooOOOoooAcabo aqui minha narrativa das três noites do 44º Festival Folclórico de Parintins. Para mim escrever a respeito do que vi em 15 horas, uma média de 5 horas por noite é uma grande exercício de memorização porque não é fácil guardar tanta informação num curto espaço de tempo, mesmo desfragmentando o HD, a coisa não é fácil... Risos...
Que venha o 45º Festival!