segunda-feira, dezembro 17, 2007

Tudo por um CD: Introdução

O objeto de desejo

Aperte os cintos, pois, vai começar a saga expressa: “Tudo por um CD.” A saga é tão expressa que escrevi de uma só vez todos os capítulos. Espero que consiga se divertir até porque depois de tudo isso, digo com propriedade que às 36 horas, foram muito divertidas. Os capítulos seguem a ordem cronológica.

Tudo por um CD: Sampa do fervo


São Paulo estava literalmente um “fervo”, este final de semana.Trânsito na marginal Tietê (até então normal), no Terminal Rodoviário do Tietê (local de desova de oriundos dos quatro cantos do mundo) a fila pra comprar um bom bilhete começava já na passarela que liga o terminal ao metrô.
Boa parte dos transeuntes buscavam os paraísos das compras populares pra garantir sua “boa lembrancinha” de Natal. Eu tinha uma lista modesta de coisas a fazer, na verdade uma página em branco (puríssimo) pra ser escrita em aproximadamente 36 horas.
Ah! Com uma mala super discreta nas mãos, pra ficar com cara de local. Duas coisas que sempre detestei: sair de casa pra cortar cabelo e carregar mala. Justificativa: toda vez que você sai pra cortar cabelo, na volta algum infeliz diz: “Nossa! Você cortou o
cabelinho!!!???” Na segunda, a situação é óbvia: Você está de passagem pelo local. Têm mais: Na ida as malas sempre são leves, mas na volta o bicho pega. Então, nas viagens rápidas quando menos mais. Carregar mala pesada apenas, quando no retorno alguém irá te esperar no desembargue. Continua...

Tudo por um CD: A discreta perua



O metrô estava cheio logo pela manhã, todos iam “daqui pra lá” e “de lá pra cá” (não necessariamente na mesma ordem), até por que o caos é justamente a ausência da ordem.
A viagem até meu destino foi rápida e mesmo com os atrasos e aglomerações cheguei dentro do prazo previsto inicialmente na véspera da viagem. Voltando a Japiubá (Como é chamada São José dos Campos, pelo meu amigo Korn), o autobus (ia falar buzão, mas achei meio mano), que tomei era Via Dutra, fazer o quê!??? Ao meu lado sentou uma senhora de óculos escuros, loira, de unhas vermelhas. A perua discreta era complicada, toda hora atendia ou recebia ligações até que ela sossegou e foi nesse momento que eu cobrei a oportunidade dela estar ao meu lado:

Com licença. Por um acaso a senhora tem uma caneta pra me emprestar?

- Ela prontamente abriu a bolsa e sacou uma caneta.

Daí continuei a fazer meu caça-palavras. Até desembarcar e seguir. Continua...

Tudo por um CD: Negras de Ébano


Graças ao advento da internet, dos fóruns virtuais, do orkut, e de tantas outras tecnologias de comunicação virtual lá vou eu la laiaaaa... Um dos objetivos era comprar o cd das escolas de samba do Grupo Especial e Acesso de Sampa. Como esse ano a coisa ficou limitada às quadras, daí aproveitei a minha ida pra capital, pra tentar descolar o meu álbum.
No meu plano de ação havia traçado algumas estratégias, devido ao fato de ter lido num fórum que o webmaster da Barroca Zona Sul estava vendendo o produto pela net e um outro site também estava recebendo reservas. No primeiro caso fui atendido prontamente, no segundo até hoje, nenhuma resposta ao meu email.
Enquanto aguardava o momento de começar os preparativos da festa (Objetivo 1) da minha viagem. Resolvi checar qual era o samba mais próximo da casa do meu amigo: Era o Vai-Vai (Quem nunca viu o samba amanhecer, Vai no Bixiga pra ver), E fui!
Uma caminhada básica e coisa e tal, cheguei ao local onde rola uma feijoada todos os sábados. Na porta negras de ébano arrumavam as mesas, o grupo de pagode já apostos se preparava pro laia, laia, lelelele. Mas, cd que é bom nada! Tinha acabado. Lá vou eu! Lá vou eu! Refazer o caminho, subir novamente aquela escadaria. Olha! Ótima pra quem quer trabalhar panturrilha, degraus curtos e largos, mas que exigem bastante da musculatura dos membros inferiores. Continua...

Tudo por um CD: "Os Gridientes"


"Minhas amiga, com essa receita de sonho eu criei minhas filhas." Palmirinha Onofre


Não satisfeito com o Não! Corri atrás do Sim! Como já estava em adiantada negociação do plano B. Resolvi mandar um email e deixar o número do meu telefone pro meu contato.
O tempo passou, as horas avançaram, fomos rumo ao supermercado comprar os “gridientes” e depois comprar os presentinhos do amigo secreto para maiores de 18 anos, na loja do cara estranho (estranhíssimo).
Presentes comprados, muitos risos e questionamentos, inclusive nas questões técnicas e de custo/ beneficio dos itens em exposição. Sabe como é né!!!??? Num país de tantos contrastes, onde uns têm muito e outros nada têm. Vai saber né! O melhor a fazer é não arriscar e nem pecar pelos excessos.
Enquanto comprávamos gelo, eis, que meu celular tocou. Era meu contato, atendendo ao meu chamado. Mas teria que ir pra estação Praça da Árvore e naquele momento não ia rolar, pois, tínhamos uma festa pra organizar e nos divertir. Continua...

Tudo por um CD: Arroz Trucoso


A previsão do tempo pra capital era boa. O Sol aparecia, mas desaparecia, mas não choveu e isso ajudou bastante. Voltamos pra Laje´s Club, mas antes resolvi fechar a aquisição do CD pra manhã de domingo lá na tal da Praça da Árvore.
Como havia prometido, fui pra cozinha fazer o arroz trucoso. Uma receita que inventei (abusado), no Natal do ano passado. Os convidados começaram a chegar e a tensão aumentava, pois, sempre que cozinho pra alguém, fico naquela expectativa de que primeiro tudo aconteça como o esperado e depois que agrade a todos.
O arroz trucoso é trucoso mesmo. O segredo está mais em saber fazer arroz (solto e bem cozido). No mais cada um pode dar o seu toque de chef. Nesta edição, ele recebeu a companhia de calabresa cortada em cubos, batata palha e ervilhas.
Com o esquema do CD combinado, agora era só relaxar e gozar e não deixar faltar arroz trucoso na mesa. Modéstia parte foi uma guarnição muito apreciada pelas pessoas da festa. A grande brincadeira era modificar a cara do prato a cada nova remessa. A salsinha da decoração passeava pelo prato: (arriba, abajo, do lado).
O churrasco foi muito divertido. A brincadeira do amigo secreto também. Embora, os nomes tenham sido sorteados na hora, a coisa rolou super bem, sem estresse e com presentes muito criativos. Ganhei um DVD pra maiores de 18 anos, que não valem muita coisa. Continua...

Tudo por um CD: Tssssss! Tsssssss! Próxima Estação Praça da Árvore



Amanheceu na capital. O tempo estava sisudo, mas o bafo prometia mais um dia quente. Lá vou eu! Lá vou eu! Rumo à estação Praça da Árvore. No bolso meu celular, quase um falecido nos créditos e na bateria.
A estação Sé logo pela manhã estava cheia. No metrô sentido Jabaquara em pé, fiquei observando os presentes, mas eles também me olhavam numa troca silenciosa de impressões. Se eram boas não sei. Mas, o que mais me chamou atenção era um cara orelhudo que dormia com a mão cobrindo o rosto e cabeça inclinada em direção ao piso. Ele parecia muito com um amigo que mora na Freguesia do Ó, mas na dúvida fiquei na incerteza mesmo. Continua...

Tudo por um CD: O Mito do Touro Negro



Desci na estação Praça da Árvore e subi as escadas em direção as catracas de saída. Ali fiquei. Escrevi um torpedo pro meu contato. Segundo o meu sistema de envio de mensagens, ele havia recebido, mas até então, nenhum retorno ou sinal de vida.
Tentei ligar, mas o meu celular ficava fora de área em determinados pontos da estação, daí tinha que ficar caminhando e procurando estabilizar o sinal.
Quando reenviei o segundo torpedo, o aparelho que estava apenas com um traço do indicador de carga da bateria, simplesmente desligou. Pensei:

- Fudeu!

Porém, o mito do sebastianismo (Dom Sebastião) se fez presente naquela estação e de repente o mito do touro negro que surge nas praias dos Lençóis Maranhenses nas noites de lua cheia, se fez presente na Praça da Árvore e meu celular como que num momento de puro encantamento renasceu.
Aproveitei a deixa pra anotar o número do meu contato num pedaço de papel, mas cadê a caneta?
Cartão pra fazer a ligação de um telefone público eu tinha. Porém, caneta eu já tinha fudido com a minha fazendo caça-palavras naquele “bendito” papel amarelado pelo tempo de exposição na banca de revista.
Pra minha sorte. Tive vários momentos de sorte diga-se de passagem. O primeiro foi quando uma senhora ao invés de me emprestar a caneta, acabou me dando de presente. A segunda foi por permanecer tanto tempo parado no mesmo local, sem ser abordado pelos funcionários do Metrô, que me fitavam de longe, mas não tomaram nenhuma medida efetiva pra situação, um tanto quanto suspeita.
Ao tentar ligar novamente e abusar da sorte, eis, que meu celular morreu de vez. O jeito foi sair da estação (como relutei em fazer isso), mas diante de uma traição tecnológica de um torpedo que foi, mas não foi. O jeito era comprar um novo bilhete. Continua...

Tudo por um CD: O Encontro



Pra quem meu amigo comentava a respeito do meu encontro na Praça da Árvore era motivo de risos. Mas, até então tudo bem! Tudo por um CD. Paixão a gente não explica: Sente. Após romper a barreira que me separava do telefone público, saí da estação e liguei pro meu contato.
Após uma breve conversa pra fazer o ajuste da localização e do tempo de chegada dele na estação, voltei ao momento de espera e observação. Aprendi até um pouco da técnica de como acessar uma escada rolante transportando uma bicicleta.
O encontro estava marcado, mas eu nem sabia como era esse meu contato. Mas, por uma dessas ironias da vida, que adora nos pregar peças e rir de nossas caras. Eu e o cara temos uma amiga em comum no orkut. Porém, somente, hoje, vim, a saber, disso...risos
Vi uma pessoa passando do outro lado da rua, e de repente até achei que fosse ele. De fato era. Nas mãos ele trazia o meu CD e uma folha de papel com a letra do samba de enredo da Barroca Zona Sul.
Trocamos uma idéia super rápida, fiz o pagamento e me despedi. Voltei pro metrô, agora no sentido Tucuruvi. Era hora de iniciar o caminho de volta. No vagão em pé, voltei ao meu momento de observação até desembarcar.
Ah! Antes disso, vocês precisavam ver a cara tensa da moça da bilheteria, que também me observava na cabine de informações aos usuários. Ela tinha ficado ali por um tempo, mas depois foi pro posto de venda de bilhetes. Comprei os bilhetes feliz da vida e segui. Não sei por que ela ficou tensa, eu nem estava de óculos escuros! Continua...

Tudo por um CD: O Encontro - Segunda Parte



Depois de uma edição VIP do arroz trucoso, nessa versão o milho foi incluído gastronomicamente a receita. Batemos papo, enquanto, ouvíamos os relatos de “Um dia no meio dos índios.”
Lá vou! Lá vou eu! Rumo ao Tietê, pra ser desovado novamente em Japiubá. Na entrada da estação Santa Cecília, eis, que surge ela, a senhora do posto de informações aos usuários da estação Praça da Árvore.
A funcionária em fim de expediente me olhou de cima a baixo, com uma cara de “Te conheço viu.” Retribui o olhar, mas não houve nenhuma troca, nem boa, nem ruim. Simplesmente cruzamos novamente um o caminho do outro, porém, ela não disfarçava o olhar intrigado. Continua...

Tudo por um CD: Parou tudo



Pra completar minha saga pelas terras de Piratininga. Deu uma pane no metrô e ficamos parados entre a estação Santa Cecília e República, por cerca de 10 minutos. Pra sorte que as portas se abriram, pois, parado a temperatura sobe rapidinho lá embaixo.
Enquanto esperava a coisa voltar ao normal, ouvia a narrativa de uma garota, que acompanhada por um casal relatava aos dois, os tipos estranhos que ela já encontrou nos vagões por onde passou.
Finalmente o bicho andou, fiz a baldeação na Sé e tomei meu rumo. Por falar em Sé, aquilo ontem, estava um fervo. Parou tudo! De tanta gente. Sacolas, futuros universitários, modernos, nordestinos, manos, minas, tinha de tudo e pra todos os gostos.
No vagão um garotinho de uns três anos brincava de virar os olhos como se estivesse possuído, a mãe brigava com ele e eu me divertia com o figurinha. Desembarquei no Terminal Tietê. Continua...

Tudo por um CD: Caos Terrestre



Os objetivos 1 e 2 haviam sido concluídos e o objetivo 3 (presente do amigo secreto pra maiores de 18 anos também surpreendeu). Gostei também do objetivo 4, pois adorei a pessoa que tirei, então, estava tudo perfeito.
O jeito era caminhar em direção ao guichê. Na minha frente um povo enrolado que não comprava a passagem, mas também não sumia. Bilhete comprado, ainda tinha 13 minutos antes do embarque na famosa plataforma 50 (ponto de encontro dos japiubenses).
Sempre encontro alguém daqui no terminal e dessa vez foi uma pessoa que já esbarrei com ela no Tietê umas três vezes, um cara que trabalha no INPE, mas não me lembro o nome dele.
A fila estava gigante, pois, o autobus estava atrasado. Sem exageros tinha umas 70 pessoas esperando uma condução que cabe 46. Daí, pensei...Será que já está rolando overbooking em buzão???
Em verdade, em verdade, o problema é que o ônibus das 19h10 estava atrasado e o pessoal das 19h20 (entre eles, eu), queríamos vazar. Demorou um tempo até que o motorista com uma voz pouco convincente anunciou que aquela saída era a das 19h10, que saiu às 19h30, aproximadamente.
Tentei dormir, mas não foi possível por muito tempo...o jeito era relaxar e esperar o momento de descer. Assim termina a minha saga: Tudo por um CD...até a próxima...