domingo, agosto 31, 2008

Rufem os Tambores


Desde o mês de junho foi dado o ponta pé inicial nas disputas de sambas de enredo para o carnaval 2009, em todo o país. Se navegar é preciso, sambar também se faz necessário. O samba é na verdade a grande catarse brasileira, internacionalmente conhecida e assumida.

Como quem não gosta de samba, bom sujeito não é. Então, deixa rolar o ziringuindum, chorar o cavaco, rodar a baiana e levantar poeira as passistas, mulatas e siliconadas.

Festejado por alguns, “gongado” por outros, alguns enredos para o próximo carnaval são temas e não enredos como disse em entrevista o polêmico carnavalesco e comentarista Fernando Pamplona.

Porém, essa discussão vai ser eterna, pois enquanto houver tradição e saudosismo: legados dignos do carnaval, as transformações e modernidades implementadas no espetáculo serão aceitas, mas depois de muita resistência e debate.

A história do banho, o centenário de Machado de Assis, o poder do tambor, a formação do povo brasileiro, o céu, a Bahia, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, o cinqüentenário da “Rainha de Ramos” e a curiosidade são os próximos temas-enredos que irão passar pela passarela do samba.

Nas quadras fervem as disputas, na internet pipocam os áudios concorrentes e os sites por mais um ano dão conta de espalhar pelo WWW o trabalho dos compositores. Muitos nem chegam à final, nem passam pela pré-seleção, mas ganham fãs incondicionais que defendem as obras, nem que seja nos fóruns virtuais, que foram as primeiras manifestações carnavalescas virtuais que eu conheci. Em 2000, recebia em média 200 mensagens de correio eletrônico por dia, nem dava conta de ler tanta informação, mas as discussões pegavam fogo.

A possibilidade de contatos é outro grande legado do carnaval virtual. Carnaval virtual sim, pois já existem escolas de samba que desfilam exclusivamente pela net. Eu mesmo já me atrevi a dar uma de compositor e escrever um samba sobre o Orkut para os Ociosos de Gericinó. O que diferencia as escolas virtuais das reais? Talvez a paixão e a inocência, o amor a camisa, o romantismo do carnaval feito literalmente com suor, lágrimas, raça e muita alegria.

O processo industrial do carnaval roubou um pouco do lado humano da festa, que virou um mercado cheio de profissionais estimulados pela criatividade, mas contaminados pela vaidade. Mas, enfim o samba sobrevive da melhor forma: sambando -- que rufem os tambores...

Texto: Daniel Faria

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